5 de outubro de 2016

Coluna da Ravs // Educar vai muito além de ensinar a dizer "por favor" e "obrigado". (Pais vs Filhos e seus relacionamentos abusivos)



                   
                   



                     Para quem não sabe, eu tenho um filho de um ano e três meses.
                     Esses dias, muito cansada da rotina, observei ele adormecer, fechando os olhinhos, lutando contra a vontade de ficar acordado para brincar mais. Pensei em como eu gostaria de manter ele sempre perto de mim daquele jeito. Sempre num lugar onde eu poderia protege-lo do mundo.
                    Foi aí que comecei a me questionar até que ponto a proteção dos pais pode ser saudável para um filho. Até que ponto essa super proteção vai alterar no caráter daquele futuro cidadãozinho.
                    Quando um pai super protege o seu filho, consecutivamente ele começa a induzir algumas situações, onde, para que o filho possa ter um pouco mais de liberdade, ele precise mentir, e começar a se justificar, automaticamente, dentro de uma mentira.
                   Tenho conversado muito com um amigo sobre essa questão da educação. E juntando as experiências dele às minhas, cheguei a conclusão que não existe educação melhor do que a do diálogo.
                   Quando você abre essa chave do diálogo com o seu filho, você começa a desenvolver confiança. No final das contas, todo mundo sai ganhando.
                   Nos meus 21 anos de vida, só consigo lembrar de uma pessoa que nunca me veio com reclamação alguma sobre seus pais. Sua relação com eles era sempre confortável, sempre de confiança. E ele é uma pessoa doce e amorosa. Seus pais, cada um na sua singularidade, conseguem fazer a gente sentir inveja involuntariamente, por não serem os nossos pais. Nunca o presenciei mentindo para um dos dois, e sempre o vi falar deles de uma forma muito carinhosa, com um sorriso no rosto. Não posso dizer que eles não tinham problemas. Talvez tivessem. Mas talvez esses problemas se limitassem à quem comeu o último biscoito do pote, ou a quem deixou a toalha molhada em cima da cama. Coisa que, se analisarmos a fundo, nem parecem problemas perto de uma relação sem diálogo.
                   Percebi muitas vezes que na relação pais vs filhos, existem relacionamentos abusivos também. Das mais variadas formas, relacionamentos abusivos têm uma característica em comum, que sempre será o mal que isso trás para a nossa mente, e as consequências dos adultos frustrados que seremos. Ser super protetor demais pode ser abusivo, quando para confiar na palavra da sua filha que quer muito ir dormir na casa da amiga, você precisa juntar todos os nós das cordas para saber mesmo se ela não está mentindo. Mas se tem uma coisa que adolescente sabe fazer, é mentir! Então, mesmo que você averigue 50 vezes e pra você, ela não esteja mentindo, ela pode estar mentindo
                   Por isso, no diálogo, estabelecemos respeito, e no respeito, automaticamente traçamos alguns limites básicos de educação que vão muito além da imposição do medo que se estabelece nessa relação.
                   Ensine seu filho a sentir empatia e compaixão. Ensine ele a saber seus limites, e ajude-o a ultrapassa-los, pois, se você não o fizer, alguém fará por você.
                   Mostre ao seu filho que felicidade a gente encontra em coisas pequenas, e que não adianta o que você faça na vida, tem que ser feito com amor. Você tem que dar o melhor de si. E não adianta dar esse melhor se você não se sente bem. Vai ser o melhor mais vazio e mais mal feito.
                   O certo é estarmos felizes e essa felicidade transbordar na vida, e não a vida transbordar seus pesos na gente.
                   Não estou falando que somos obrigados e nos sentirmos felizes 24hrs por dia. Não é isso. É só que quando você consegue direcionar os seus sentimentos e saber se abrir sobre eles (principalmente à alguém que você confia) você não acumula tantas energias negativas sobre si mesmo, e isso não acaba se apossando de toda a sua vida com o tempo. E isso é muito sério, pois pode tomar conta de todos os seus relacionamentos, sejam eles pessoais, ou profissionais. É como se fosse uma parte podre de uma fruta linda e suculenta: Se você não se livra dela, ela tomará conta da fruta toda.
                   No final, não importa qual tenha sido a sua educação, eduque os seus filhos a saberem dialogar, e a abrir em palavras qualquer sentimento que possa fazer com que eles se afoguem neles mesmos. Converse, entenda, e COMPREENDA que no mundo cada um possui a sua forma de vida, e que não poderemos jamais viver a vida pelos nossos filhos.
                   Não poderemos jamais viver a vida dos nossos filhos. No máximo, observá-los dormir, e imaginar que você vai tentar ser a melhor mãe que ele poderia ter.
                 



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5 comentários:

  1. Que texto perfeito, compartilhei até no meu facebook.
    Não sou mãe ainda, mas li tantas verdades e coisas que me identifico nesse post, só posso te dar os parabéns e dizer que concordo em tudo que citou.

    Beijos
    Fran
    Achei e Rabisquei

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    1. Não sei se fico feliz ou triste por ter se identificado. Significa que se se identificou, é por que o texto realmente foi lido com carinho, obrigado por isso. Mas se se identificou, é por que talvez o seu relacionamento com seus pais, ou alguém que você conheça, e os pais dessa pessoa, tenha sido abusivo, e isso me responde que não enfrento isso sozinha, e que essa realidade é mais comum do que eu possa imaginar.

      Obrigado por deixar seu comentário <3

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  2. Esse texto me remete a ideia de que os filhos ainda não são criados para a vida...
    Porque é nessa mesma vibe de inseguranças e mentiras que eles, quando adultos, constroem suas relações. Não que todos se tornarão mentirosos, mas poucos vão aprender o valor de uma boa conversa e principalmente a qualidade de ser sincero consigo e com o próximo...

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  3. É dificil criar um filho. Muitas vezes o excesso de proteção gera um filho rebelde.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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  4. Lendo e analisando esses relacionamentos familiares aprendi que até mesmo nossos pais, por mais vivência que tiveram (seja por filhos anteriores, casamentos anteriores e etc.) nem sempre sabem o quão prejudiciais para os filhos são.

    Eles sempre imaginam que a proteção é o caminho certo para evitar problemas, e ai vem a filha mais nova e faz essa teoria ir por água a baixo, haha. É sempre um novo aprendizado, né?! Não é fácil ser filha, mas não é fácil ser mãe/pai, acho que a abertura para diálogo sempre vai ser a melhor opção, do que a privatização, negociação e etc., acho que existe espaço para ambos e conversar e delimitar isso, tanto o filho (principalmente) quanto os pais devem estabelecer algo. Na prática é difícil, os mais velhos sempre acreditam ter razão e se esquecem que os tempos mudam e que a experiência é vivenciada dia após dia e não algo que se limita.


    Adorei a postagem e agora estou aqui cheia de contestações hahaha, parabéns pelo blog meninas, super fofo! Estou seguindo! <3

    Beijão!

    www.generoproibido.blogspot.com.br

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